sexta-feira, 27 de maio de 2011

DOIS MOUROS

                            

Gerson Brandolt / Filipi Coelho

Tranqueia um mouro cabano velho e judiado da lida
Dos sem fim dos corredores de tantas idas e vindas
Foi cruzador dos caminhos picadas, várzeas e passos,
E cinchador de alçados na presilha guapa de um laço

Perdeu sua imponência empurrando tropa no encontro
Quem te viu batendo garra num barbaresco confronto
Depois de agarrar costeio se fez um pingo de garra
Um tigre embaixo do “arreio” quando um boi se desgarra

Dois mouros no corredor com a estampa envelhecida
Dois parceiros, dois amigos acalambrados da lida,
O tempo levou-lhes o viço e não restou quase nada
Só uma carga de lembranças que juntaram pela estrada

O moço que se fez homem entre corredor e galpão
Tinha a pureza do campo em cada aperto de mão
carrega a sina andeja de rondas e madrugadas
Conhecedor dos caminhos do ir e vir das jornadas. 

Carrega marcas do tempo e rudes traços no rosto
Pelos sóis dos verões e geadas frias do agosto
Foi índio que em outros tempos pealava de toda a trança
E fazia cavalos mansos de todo serviço e confiança

Dois mouros no corredor com estampa envelhecida
Dois parceiros, dois amigos acalambrados da lida,
O tempo levou-lhes o viço e não restou quase nada
Carregados de lembranças vão dois mouros pela estrada





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