terça-feira, 3 de maio de 2011

" Um Quadro de Campo "




Um quadro de campo
Gerson Brandolt / "Passarinho" Texeira Nunes

Um mate de manhã cedo, alcançado em gesto franco
Um pingo que ganha as garras, “pruma camperiada” ao tranco
Uma garça no horizonte, ostentando um pala branco
O sol pedindo serviço moldando um quadro de campo

Um galo que afina a goela avisando que hay pegada
Um andu rondando o ninho zelando pela ninhada
E um barreiro em matrimônio, alicerçando a morada
Quando canta um quero-quero, faz a gente “olhá” pra estrada

Camperiada de janeiro, recorrida de banhado
Num pingo bueno de arreio, por natureza domado
Um laço estilo canhoto, c’oas rodilha “doutro” lado
Batendo o guizo da argola, roçando o pelo molhado

Um potro em ponto de doma, de raça que corcoveia
Mau de baixo e caborteiro, num prenuncio de peleia
Que ao se “trompá” com um vaqueano, compreende corda e maneia
...E depois de três galope... masca o bocal e troteia

Cacimba de água clara, pela seca enfraquecida
Mas que prossegue vertendo, “prum” campeiro em meio à lida
“Apiar” de chapéu na mão, e se curvar em seguida
Pra “matá” a sede da alma ...sentindo um gosto de vida

Um bagual que se arrocina pelos fundões da invernada
Um pealo de toda trança, pro sapucai da “pionada”
Poncho negro que se abre, contra a chuva galopeada
Minuano que se levanta... sentindo ciúmes da geada

O dia fechando os olhos, logo após o sol se pôr
Trazendo à cabresto a lua, um “candieiro” em esplendor...
...Não acredito que alguém... com sentimento e valor
Possa dizer que este quadro é órfão de criador...








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